segunda-feira, 24 de maio de 2010

Alguma coisa acontece no meu coração

Nasci e fui criada em São Paulo. No mesmo bairro cresci em diversas ruas com nomes dos estados americanos. Com 15 anos saí da escola a qual eu ia a pé e comecei a expandir meus limites geográficos. Fui apresentada ao metrô, ônibus, novas paisagens, amigos que moravam longe. Quando eu entrei na faculdade um dos meus primeiros estágios foi na Prefeitura de SP no centro da cidade, e eu me deparei com um novo mundo no meu cotidiano. Sempre ficava maravilhada ao entrar pela porta da imponente Prefeitura com seu pé direito alto, revestido em mármore e salão que fazia eco. Imaginava meu avô ali durante a época em que foi prefeito de São Paulo, em 1955. Eu adorava passear pelas ruas próximas do Viaduto do Chá, do teatro Municipal e do prédio da Bovespa. Dizem que você aprender a amar o centro de São Paulo e eu posso dizer que comigo não foi diferente.
Atualmente, porém, eu me desloco diariamente para a região do Itaim e Faria Lima, que além de caótica é cara e com acesso difícil. Não aprecio mais a arquitetura igual eu fazia com os prédios do centro, não reparo mais nas ruas nem nas pessoas. Talvez seja porque a vida vai exigindo da gente mais tempo e menos criatividade nas nossas tarefas, nos deixando a cada dia um pouquinho menos perceptivos com o que nos cerca. Talvez o encantamento com o novo tenha passado. Não sei.
Só sei que hoje eu saí mais tarde do trabalho e antes de descer eu olhei pela janela do escritório. Vi um carnaval de luzes que tomavam contas das ruas, sem final definido, um amontoado de cores, sons e gente combinando com um céu escuro, denso azul quase preto. De dentro do táxi, olhei a Marginal Pinheiros e suas centenas de prédios tão diferentes mas igualmente imponentes como os do centro da cidade. Prédios que abrigam tanta gente, tanto sonho e esperança. Uma imendisão de luzes em volta de um rio cansado. Tudo imenso... Senti-me pequenina no meio dessa cidade. Percebi a beleza desse lugar, a grandeza de tudo que diz respeito à São Paulo, minha cidade e cidade de tantos outros. Boquiaberta, olhei com olhos de criança curiosa, grudados no vidro do carro. De repente, o motorista me diz: "Eu também fiquei impressionado com essa cidade quando vi isso tudo pela primeira vez". Nem me dei ao trabalho de corrigi-lo e dizer que eu sempre morei aqui. Afinal estava realmente vendo tudo pela primeira vez.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Queria que o mundo ficasse paradinho naquele momento. E que também girasse bem rápido!

Hoje eu senti saudades. De tanta coisa!
Da minha avó, das amigas da escola, do antigo namorado.
Sempre fico um pouco assim perto do meu aniversário. Fico contabilizando perdas, ganhos e mudanças. Por que será que não nos sentimos mais amadurecidos e sábios no dia do nosso aniversário? Deveria ser algo natural. A cada ano vivido receberíamos um injeção de ânimo, de inteligência e sabedoria para assim envelhecermos cometendo cada vez menos erros. Como um depósito na conta bancária, uma bonificação. Mas não funciona assim. Não existe um dia em que viramos adultos, é um processo lento, demorado e que talvez nunca se complete.
E as saudades que eu senti hoje não foram de um tempo melhor, ou mais feliz, apenas um época diferente. Uma época em que todo dia era dia de estar com os amigos. Reclamando de ter que acordar as 6h da manhã e pegar o ônibus da escola. Sonhando com o dia que entraríamos na faculdade e tudo mudaria para melhor. Ah meus caros amigos se nos dissessem a falta que sentíriamos da nossa convivência e confidências. Teríamos pedido um pouquinho mais de tempo para sermos tolos!
Não é que é melhor agora, é só diferente.
Senti saudades de ter avó.
Saudade das promessas de amor infinitas que me foram prometidas em outro tempo.
Não é melhor agora, é só diferente.
Sâo diferentes os sonhos, o andar com as próprias pernas. É diferente a paciência que anda me dominando, como se ela exigisse fazer parte da minha personalidade.
Acho que talvez sim eu esteja me tornando adulta...