quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

É preciso saber viver

Ontem, uma notícia triste me acordou. Um jovem morreu com tiros na noite anterior, pois reagiu a um assalto, na zona norte de SP. Era uma noite como todas as outras, com a diferença que seria a última do rapaz. Esse mesmo jovem, o qual eu não conheço, era namorado da irmã de uma amiga. Distantes de mim e, ao mesmo tempo, próximos na realidade, na idade e com certeza nos sonhos. Pelo pouco que sei, o garoto tinha por volta de 20 e poucos anos, estava indo buscar a namorada na faculdade, essa, por sua vez, tinha sido pedida em casamento meses antes. Os dois com certeza planejavam vida juntos, um apartamento, viagens, quem sabe filhos. Coisas normais de casais apaixonados. Fiquei extremamente compadecida com esse episódio. Como lidar com esse tipo de morte? Como aceitar que alguém, que nós amamos profundamente, nos seja arrancado de nós?
De uma maneira inexplicavelmente mais amena, todos nós sabemos a sensação de ver nossos planos irem por água abaixo em um relacionamento. É uma dor lancinante abrir mão de um amor, de uma vida a dois que parecia tão promissora. Todos nós já passamos por isso, por opção de uma das partes. Mas o que fazer quando uma terceira parte, maior do que nossa vã existência se encarrega desse término? Como acreditar na justiça do mundo, se, no começo da vida, temos que lidar com tamanha perda?
O que mais me impressiona, nesses inúmeros casos de pessoas jovens que tem sua vida interrompida, é a fragilidade do estar vivo. Como, muitas vezes, nós abusamos da liberdade que nossos pais nos concedem, dando margem ao perigo e a situações extremas. O mundo em si já é um lugar arriscado e violento, em que jovens levam tiros no meio da rua. Mas, o quanto ainda teremos que ser irresponsáveis e nos sujeitar a correr tais riscos? Quanto vale a vida?
Gostaria de poder dar um abraço bem apertado nessa moça que perdeu o amor da sua vida. Gostaria de dizer à mãe dele que realmente não é justo, nem natural, perder um filho dessa forma. Gostaria de pedir a todos meus amigos, jovens como eu, com a vida toda novinha em folha, que se cuidassem. Como disse a Carol, uma amiga minha, em um texto ótimo que acabei de ler no blog dela (ostrafeliznaofazperola.blogspot.com),
quando eu digo 'te cuida', é como se eu dissesse eu te amo. Gostaria de todos dissessem eu te amo para as pessoas importantes, o tempo todo, pois nunca sabemos até quando essa pessoa estará aqui para ouvir.
Acima de tudo, gostaria de entender o porquê dos caminhos que vida nos leva. Por que o que acontece com a gente, acontece com a gente? Não sei, deve existir algum propósito maior. Espero que exista e espero que essa família encontre, algum dia, a paz no coração.